CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO
O Arcadismo é um movimento de reação ao exagero barroco, que havia
alcançado um ponto de saturação. Racionalmente, influenciados pelas
idéias iluministas francesas, os poetas buscam a retomada da
simplicidade e resgatam alguns princípios da Antiguidade, por
considerarem ser este o período de maior equilíbrio e pureza.
Há três princípios latinos básicos para a compreensão desse estilo de época:
a) Carpe diem (aproveita o dia): máxima proposta pelo poeta latino
Horácio. Significa viver o presente, aproveitando-o ao extremo, visto
que o tempo passa rapidamente.
b) Inutilia truncat (cortar o inútil): desejo de retirar dos textos tudo o que for excessivo, exagerado ou redundante.
c) Fugere urbem (fugir da cidade): princípios de valorização da
natureza, vista como lugar de perfeição e pureza, em oposição à cidade,
onde tudo é conflito.
A partir destes três princípios fundamentais o Arcadismo, é possível compreender as demais características do período:
1 – retomada da teoria aristotélica da arte como imitação da natureza,
usando a razão. O poeta apreende o sentido de perfeição expresso pela
natureza e tenta reproduzi-lo ao escrever;
2 – respeito às teorias literárias dos antigos, utilizando as normas poéticas da Antiguidade;
3 – simplicidade na forma e no conteúdo dos poemas; versos curtos; ausência de rimas em alguns versos;
4 – bucolismo (exaltação da vida do campo, uso de cenários pastoris);
5 – presença da mitologia, num retorno aos valores clássicos;
6 – equilíbrio entre a razão e a fantasia, através de uma “disciplina
literária” a ser estabelecida pelas Arcádias e seguida por seus membros;
7 – uso de palavras simples, de fácil entendimento, sem serem vulgares;
8 – desejo de dar à literatura uma função social, de caráter didático e doutrinário. A literatura deve ser acessível a todos;
9 – preocupação com a finalidade moral da literatura;
10 – desejo de mostrar uma realidade onde nada seja feio, idealizando-a.
O ARCADISMO EM PORTUGAL – BOCAGE
O Arcadismo português vai desde 1756 (fundação da Arcádia Lusitana) até
1825, data da publicação do poema Camões, de Almeida Garrett, que marca o
início do estilo de época seguinte – o Romantismo. O principal autor do
Arcadismo em Portugal é Bocage, que apresenta também uma fase mais
próxima do Romantismo.
Manuel Maria Barbosa du Bocage, de origem francesa pelo lado materno,
nasce em Setúbal, 1765, e falece em Lisboa, 1805. Muito cedo começa a
escrever versos. Ingressa, em 1783, na Academia da Marinha, onde mantém
contato com poetas e boêmios da época. Fixou-se em Lisboa, em 1790, ano
que marca o início de sua atividade literária. Consegue renome, compondo
uma elegia sobre a morte do filho do Marquês de Marialba. Nos últimos
meses de sua vida, reconcilia-se com a religião e escreve os célebres
sonetos: Meu ser evaporei na lida insana e Já Bocage não sou.
Deixou-nos uma vasta obra – Rimas (1791 – 1804). Bocage é considerado o
maior e o melhor poeta árcade da literatura portuguesa. Cultivou a
poesia satírica, mas revelou-se um dos grandes sonetistas portugueses em
suas composições líricas. Bocage adotou o pseudônimo de Elmano Sadino.
Note que Elmano é o próprio nome Manuel, em forma de anagrama, e Sadino
refere-se ao rio Sado, da cidade de Setúbal, onde nasceu o poeta.
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Arcadismo
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literatura brasileira, obras poéticas, cultura no período do ciclo do ouro
Arcadismo: valorização da vida bucólica
google_protectAndRun("ads_core.google_render_ad", google_handleError, google_render_ad);Introdução
O Arcadismo, também conhecido como Neoclassicismo, surgiu no continente
europeu no século XVIII, durante uma época de ascenção da burguesia e de
seus valores sociais, políticos e religiosos. Esta escola literária
caracterizava-se pela valorização da vida bucólica e dos elementos da
natureza. O nome originou-se de uma região grega chamada Arcádia (morada
do deus Pan).
Os poetas da escola literária escreviam sobre as belezas do campo, a
tranqüilidade proporcionada pela natureza e a contemplação da vida
simples. Portanto, desprezam a vida nos grandes centros urbanos e toda a
vida agitada e problemas que as pessoas levavam nestes locais. Os
poetas arcadistas chegavam a usar psedônimos (apelidos) de pastores
latinos ou gregos.
O Arcadismo no Brasil
No Brasil, o arcadismo chega e desenvolve-se na segunda metade do século
XVIII, em pleno auge do ciclo do ouro na região de Minas Gerais. É
também neste momento que ocorre a difusão do pensamento iluminista,
principalmente entre os jovens intelectuais e artistas de Minas Gerais.
Desta região, que fervia culturalmente e socialmente nesta época, saíram
os grandes poetas.
Entre os principais poetas do arcadismo brasileiro, podemos destacar
Cláudio Manoel da Costa (autor de Obras Poéticas), Tomás Antônio Gonzaga
(autor de Liras, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu), Basílio da Gama
(autor de O Uraguai) , Frei Santa Rita Durão (autor do poema Caramuru) e
Silva Alvarenga (autor de Glaura).
As principais características das obras do arcadismo brasileiro são:
valorização da vida no campo, crítica a vida nos centros urbanos (fugere
urbem = fuga da cidade), uso de apelidos, objetividade, idealização da
mulher amada, abordagem de temas épicos, linguagem simples, pastoralismo
e fingimento poético.
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Quadro representando um pastor de ovelhas – ilustração
típica do Arcadismo
O Arcadismo se inicia no início do ano de 1700 e por isso recebe o nome
também de Setecentismo, ou ainda neoclassicismo. Esta última denominação
surgiu do fato dos autores do período imitarem, não de uma forma pura,
mas alguns aspectos da antigüidade greco-romana ou o chamado
Classicismo, e também os escritores do Renascimento, os quais vieram
logo após a idade clássica. O classicismo compreende a época literária
do Renascimento, no qual o homem tem a visão antropocêntrica do mundo,
ou seja, o homem como centro de todas as coisas. Os renascentistas
prezavam as obras clássicas, já que tinham a convicção de que a arte
tinha alcançado sua perfeição. Assim como os renascentistas, os
escritores árcades pretendiam retomar o estilo clássico, contudo com uma
nova maneira, denominada de Neoclássica, de observar as considerações
artísticas abordadas naquele período, como a razão e a ciência,
conceitos oriundos do Iluminismo.
O Iluminismo é determinado pela revolução intelectual ocasionada por
volta dos séculos XVII e XVIII, o qual trazia como lema: liberdade,
igualdade e fraternidade, o que influenciou os pensamentos artísticos da
época na Europa, e principalmente a Revolução Francesa, a independência
das colônias inglesas da América Anglo-Saxônica e no Brasil, a
Inconfidência Mineira.
O novo modo de analisar a cientificidade e a racionalidade da época
árcade fugia das convenções artísticas da época, já que os escritores
retomam as características clássicas, como: bucolismo (busca de uma vida
simples, pastoril), exaltação da natureza (refúgio poético, em oposição
à vida urbana), pacificidade amorosa (relacionamentos tranqüilos), a
mitologia pagã, clareza na escrita com utilização de períodos curtos e
versos sem rima. Os poetas árcades são freqüentemente citados como
fingidores poéticos, pois escrevem sobre temas que não correspondem com a
realidade do período histórico, visto anteriormente.
Um dos principais escritores árcades foi o poeta latino Horácio, que
viveu entre 68 a.C. e 8 a.C., e foi influenciador do pensamento do
“carpe diem”, viver agora, desfrutar do presente, adotado pelo Arcadismo
e permanente até os dias de hoje.
Os principais autores do Arcadismo brasileiro são: Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa e Santa Rita Durão.
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Arquitetura Barroca
Barroco (palavra cujo significado tanto pode ser pérola irregular quanto
mau gosto) é o período da arte que vai de 1600 a 1780 e se caracteriza
pela monumentalidade das dimensões, opulência das formas e excesso de
ornamentação. É o estilo da grandiloquência e do exagero. Essas
carecterísticas todas podem ser explicadas pelo fato de o barroco ter
sido um tipo de expressão de cunho propagandista.
O absolutismo monárquico e a Igreja da Contra-Reforma utilizaram o
barroco como manifestação de grandeza. Nascido em Roma a partir das
formas do cinquecento renascentista, logo se diversificou em vários
estilos paralelos, à medida que cada país europeu o adotava e o adaptava
à sua própria idiossincrasia. Nações protestantes como a Inglaterra,
por exemplo, criaram uma versão mais moderada do estilo, com edifícios
de fachadas bem menos carregadas que as italianas.
EXEMPLO DE EDIFICAÇÃO BARROCA
O Hotel do Inválidos - Paris
Um dos traços fundamentais desse vasto período é que durante seu apogeu
as artes plásticas conseguiram uma integração total. A arquitetura,
monumental, com exuberantes fachadas de mármore e ornatos de gesso, ou
as obras de Borromini, caracterizadas pela projeção tridimensional de
planos côncavos e convexos, serviram de palco ideal para as pinturas
apoteóticas das abóbadas e as dramáticas esculturas de mármore branco
que decoravam os interiores.
Fachada do Palácio de Dos Aguas
Valência
Na arquitetura barroca, os conceitos de volume e simetria vigentes no
renascimento são substituídos pelo dinamismo e pela teatralidade. O
produto desse novo modo de desenhar os espaços é uma edificação de
proporções ciclópicas, em que mais do que a exatidão da geometria
prevalece a superposição de planos e volumes, um recurso que tende a
produzir diferentes efeitos visuais, tanto nas fachadas quanto no
desenho dos interiores.
Quanto à arquitetura sacra, as proporções antropomórficas das colunas
renascentistas foram duplicadas, para poder percorrer sem interrupções
as novas fachadas de pavimento duplo, segundo o modelo da construção de
Il Gesú, em Roma, primeira igreja da Contra-Reforma.
Igreja de Il Gesú - Vignola y Giacomo della Porta
Roma - século XVI
A partir de 1630, começam a proliferar as plantas elípticas e ovaladas
de dimensões menores. Isso logo se transformaria numa das
características arquitetônicas típicas do barroco. São as igrejas de
Maderno e Borromini, nas quais as formas arredondadas substituíram as
angulosas e as paredes parecem se curvar de dentro para fora e
vice-versa, numa sucessão côncava e convexa, dotando o conjunto de um
forte dinamismo.
Quanto à arquitetura palaciana, o palácio barroco era construído em três
pavimentos. Em vez de se concentrarem num só bloco cúbico, como os
renascentistas, parecem estender-se sem limites sobre a paisagem, em
várias alas, numa repetição interminável de colunas e janelas. A
edificação mais representativa dessa época é o Palácio de Versalhes,
manifestação messiânica das ambições absolutistas de Luís XIV, o Rei
Sol, que pretendia, com essa obra, reunir ao seu redor - para desse modo
debilitá-los - todos os nobres poderosos das cortes de seus país.
Seguindo o exemplo do Palácio de Versalhes, são construídas nas diversas
cortes europérias palácios faustosos, cercados de jardins imensos,
aproximando-se do que logo viria a ser o neoclassicismo
Palácio de Schonbrunn
O Escorial, fusão de estilos e arquitetos, é de uma monumentalidade até
então sem precedentes na Europa. Na Itália, ao combinar essas proporções
com uma profusa ornamentação maneirista, seus artistas definiram o
nascimento da arquitetura barroca.
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III - BARROCO
Surgimento: Europa, meados do século XVI - Brasil, início do século
XVII. (Lembrar que, no Brasil, a literatura barroca acaba no século
XVII, junto com o declínio da sociedade açucareira baiana. Contudo, na
arquitetura e nas artes plásticas, o estilo barroco atingirá o seu
apogeu apenas nos séculos XVIII e início do XIX, em Minas Gerais.)
Variações barrocas: cultismo (exagero e rebuscamento formal) e
conceptismo (exagero no plano das idéias) são manifestações de excesso
da literatura barroca.
Características:
1) Arte da Contra-Reforma, expressando a crise do Renascimento, com a
destruição da harmonia social aristocrática-burguesa através das guerras
religiosas. Os jesuítas que surgem, neste período, combatem os
protestantes e espalham pelo mundo católico a sua implacável ideologia
teocêntrica.
2) Conflito entre corpo e alma. Dividido entre os prazeres renascentistas e o fervor religioso, o homem barroco oscila entre:
· a celebração do corpo, da vida terrena, do gozo mundano e do pecado;
· os cuidados com a alma visando à graça divina e à salvação para a vida eterna.
3) Temática do desengano (o desconcerto do mundo): a vida é breve, a
vida é sonho, viver é ir morrendo aos poucos. Aguda consciência da
efemeridade da existência e da passagem do tempo.
4) Linguagem ornamental, complexa, entendida como jogo verbal, cheia de
antíteses, inversões, metáforas, alegorias, paradoxos, ausência de
clareza. É um estilo complicado que traduz os conflitos interiores do
homem barroco.
Autores barrocos:
1) Gregório de Matos (Boca do Inferno)
Poesia religiosa - Apresenta uma imagem quase que exclusiva: o homem
ajoelhado diante de Deus, implorando perdão para os pecados cometidos.
Poesia amorosa - Tem uma dimensão elevada ("d"), muitas vezes associada à
noção de brevidade da existência, e uma dimensão obscena, onde a
explosão dos sentidos (em versos crus e repletos de palavrões)
representa um protesto contra os valores morais da época.
Poesia satírica - Ironia corrosiva e caricatural contra todos os setores
da vida colonial baiana: senhores de engenho, clero, juízes, advogados,
militares, fidalgos, escravos, pobres livres, índios, mulatos,
mamelucos, etc. Com seu olhar ressentido de senhor decadente, Gregório
de Matos vê na realidade apenas corrupção, negociata, oportunismo,
mentira, desonra, imoralidade, completa inversão de valores. A poesia
satírica, portanto, para ele é vingança contra o mundo.
2) Padre Antônio Vieira
Os Sermões
· Utilização contínuas de passagens da Bíblia e de todos os recursos da
oratória jesuítica para convencer os fiéis de sua mensagem, mesmo quando
trata de temas cotidianos.
· Ataca os vícios (corrupção, violência, arrogância, etc.) e defende as
virtudes cristãs (religiosidade, caridade, modéstia, etc.)
· Combate os hereges, os indiferentes à religião e os católicos desleixados em relação à Igreja.
· Defende abertamente os índios. Mantém-se ambíguo frente aos escravos
negros: ora tenta justificar a escravidão, ora condena veementemente
seus malefícios éticos e sociais.
· Exalta os valores que nortearam a construção do grande império
português. E julga (de forma messiânica) que este império deveria ser
reconstruído no Brasil.
· Propõe o retorno dos cristãos novos (judeus) a territórios lusos como
forma de Portugal escapar da decadência onde naufragara desde meados do
século XVI.
· Apresenta uma linguagem de tendência conceptista, de notável
elaboração, grande riqueza de idéias e imagens espetaculares. Fernando
Pessoa o chamaria de "Imperador da Língua Portuguesa".
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Barroco
conteudo@algosobre.com.br
O tempo barroco denomina genericamente todas as manifestações artísticas
dos anos 1600 e início dos anos 1700. Além da literatura, estende-se à
música, pintura, escultura e arquitetura da época.
Mesmo considerando o Barroco o primeiro estilo de época da literatura
brasileira e Gregório de Matos o primeiro poeta efetivamente brasileiro,
com sentimento nativista manifesto, na realidade ainda não se pode
isolar a Colônia da Metrópole. Ou, como afirma Alfredo Bosi: "No Brasil
houve ecos do Barroco europeu durante os séculos XVII e XVIII: Gregório
de Matos, Botelho de Oliveira, Frei Itaparica e as primeiras academias
repetiram motivos e formas do barroquismo ibérico e italiano". Além
disso, os dois principais autores Pe. Antônio Vieira e Gregório de Matos
tiveram suas vidas divididas entre Portugal e Brasil. Por essas razões,
neste capítulo não separaremos as manifestações barrocas de Portugal e
do Brasil.
Em Portugal, o Barroco ou Seiscentismo tem seu início em 1580 com a
unificação da Península Ibérica, o que acarretará um forte domínio
espanhol em todas as atividades, daí o nome Escola Espanhola, também
dado ao Barroco lusitano. O Seiscentismo se estenderá até 1756, com a
fundação da Arcádia Lusitana, já em pleno governo do Marquês de Pombal,
aberto aos novos ares da ideologia liberal burguesa iluminista, que
caracterizará a segunda metade do século XVIII.
No Brasil, o Barroco tem seu marco inicial em 1601 com a publicação do
poema épico Prosopopéia, de Bento Teixeira, que introduz definitivamente
o modelo da poesia camoniana em nossa literatura. Estende-se por todo o
século XVII e início do século XVIII. O final do Barroco brasileiro só
se concretizou em 1768, com a fundação da Arcádia Ultramarina e com a
publicação do livro Obras, de Cláudio Manuel da Costa. No entanto, já a
partir de 1724, com a fundação da Academia Brasílica dos Esquecidos, o
movimento academicista ganhava corpo, assinalando a decadência dos
valores defendidos pelo Barroso e a ascensão do movimento árcade.
Momento histórico
Se o início do século XVI, notadamente seus primeiros 25 anos, pode ser
considerado o período áureo de Portugal, não é menos verdade que os 25
últimos anos desse mesmo século podem ser considerados o período mais
negro de sua história.
O comércio e a expansão do império ultramarino levaram Portugal a
conhecer uma grandeza aparente. Ao mesmo tempo que Lisboa era
considerada a capital mundial da pimenta, a agricultura lusa era
abandonada. As colônias, principalmente o Brasil, não deram a Portugal
riquezas imediatas; com a decadência do comércio das especiarias
orientais observa-se o declínio da economia portuguesa. Paralelamente,
Portugal vive uma crise dinástica: em 1578, levando adiante o sonho
megalomaníaco de transformar Portugal novamente num grande império, D.
Sebastião desaparece em Alcácer-Quibir, na África; dois anos depois,
Filipe II da Espanha consolida a unificação da Península Ibérica tal
situação permaneceria até 1640, quando ocorre a Restauração (Portugal
recupera sua autonomia).
A perda da autonomia e o desaparecimento de D. Sebastião originam em
Portugal o mito do Sebastianismo (crença segundo a qual D. Sebastião
voltaria e transformaria Portugal no Quinto Império). O mais ilustre
sebastianista foi sem dúvida o Pe. Antônio Vieira, que aproveitou a
crença surgida nas "trovas" de um sapateiro chamado Gonçalo Anes
Bandarra.
A unificação da Península veio favorecer a luta conduzida pela Companhia
de Jesus em nome da Contra-Reforma: o ensino passa a ser quase um
monopólio dos jesuítas e a censura eclesiástica torna-se um obstáculo a
qualquer avanço no campo científico-cultural. Enquanto a Europa conhecia
um período de efervescência no campo científico, com as pesquisas e
descobertas de Francis Bacon, Galileu, Kepler e Newton, a Península
Ibérica era um reduto da cultura medieval.
Com o Concílio de Trento (1545-1563), o Cristianismo se divide. De um
lado os estados protestantes (seguidores de Lutero introdutor da
Reforma) que propagavam o "espírito científico", o racionalismo
clássico, a liberdade de expressão e pensamento. De outro, os redutos
católicos (a Contra-Reforma) que seguiam uma mentalidade mais estreita,
marcada pela Inquisição (na verdade uma espécie de censura) e pelo
teocentrismo medieval.
É nesse clima que se desenvolve a estética barroca, notadamente nos anos
que se seguem ao domínio espanhol, já que a Espanha é o principal foco
irradiador do novo estilo.
O quadro brasileiro se completa, no século XVII, com a presença cada vez
mais forte dos comerciantes, com as transformações ocorridas no
Nordeste em conseqüência das invasões holandesas e, finalmente, com o
apogeu e a decadência da cana-de-açúcar.
Caratcterísticas
O estilo barroco nasceu da crise de valores renascentistas ocasionada
pelas lutas religiosas e pela crise econômica vivida em conseqüência da
falência do comércio com o Oriente. O homem do Seiscentismo vivia um
estado de tensão e desequilíbrio, do qual tentou evadir-se pelo culto
exagerado da forma, sobrecarregando a poesia de figuras, como a
metáfora, a antítese, a hipérbole e a alegoria.
Todo o rebuscamento que aflora na arte barroca é reflexo do dilema, do
conflito entre o terreno e o celestial, o homem e Deus (antropocentrismo
e teocentrismo), o pecado e o perdão, a religiosidade medieval e o
paganismo renascentista, o material e o espiritual, que tanto atormenta o
homem do século XVII. A arte assume, assim, uma tendência sensualista,
caracterizada pela busca do detalhe num exagerado rebuscamento formal.
Podemos notar dois estilos no barroco literário: o Cultismo e o Conceptismo.
Cultismo: é caracterizado pela linguagem rebuscada, culta, extravagante
(hipérboles), descritiva; pela valorização do pormenor mediante jogos de
palavras (ludismo verbal), com visível influência do poeta espanhol
Luís de Gôngora; daí o estilo ser também conhecido por Gongorismo. No
cultismo valoriza-se o "como dizer".
Conceptismo: é marcado pelo jogo de idéias, de conceitos, seguindo um
raciocínio lógico, racionalista, que utiliza uma retórica aprimorada
(arte de bem falar, ou escrever, com o propósito de convencer;
oratória). Um dos principais cultores do Conceptismo foi o espanhol
Quevedo, de onde deriva o termo Quevedismo. Valoriza-se, neste estilo,
"o que dizer".
Na literatura, as características principais são:
Culto do contraste: o poeta barroco se sente dividido, confuso. A obra é
marcada pelo dualismo: carne X espírito, vida X morte, luz X sombra,
racional X místico. Por isso, o emprego de antíteses.
Pessimismo: devido a tensão (dualidade), o poeta barroco não tinha nenhuma perspectiva diante da vida.
Literatura moralista: a literatura tornou-se um importante instrumento
para educar e para "pregar" por parte dos religiosos (padres).
Fonte: Olhar Literário
http://www.olharliterario.hpg.ig.com.br/barroco.htm
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